segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Câncer do Colo do Útero x Nutrição



O Câncer de Colo de Útero é uma lesão invasiva intrauterina ocasionada principalmente pelo HPV, o papilomavírus humano. Este pode se manifestar através de verrugas na mucosa da vagina, do pênis, do ânus, da laringe e do esôfago, ser assintomático ou causar lesões detectadas por exames complementares. É uma doença demorada, podendo levar de 10 a 20 anos para o seu desenvolvimento. Afeta em sua maioria mulheres entre 40 e 60 anos de idade.

Alguns riscos favorecem o aparecimento dessa doença:
• Sexo desprotegido com múltiplos parceiros;
• Histórico de DSTs (HPV);
• Tabagismo;
• Idade precoce da primeira relação sexual;
• Multiparidade (Várias gravidezes).

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de colo de útero é o segundo tumor mais frequente entre as mulheres, perdendo apenas para o câncer de mama. Ao contrário do que se acredita, a endometriose (já fiz um post sobre, clique aqui)  e a genética não possuem relação com o surgimento desse câncer. Mas o Câncer de Colo de Útero, caso não tratado, pode evoluir para uma doença mais severa, o Carcinoma invasor do colo uterino (tumor maligno).

Pesquisas indicam que alguns nutrientes antioxidantes, como as vitaminas A, E e C,podem inibir a formação de radicais livres e a evolução de lesões malignas no epitélio do colo uterino, atuando como moduladores da resposta imune frente à presença e/ou à persistência da infecção por HPV, impedindo a progressão da NIC (neoplasia intraepitelial cervical) e consequentemente o desenvolvimento do câncer cervical.

Uma ampla definição de antioxidante é: "substâncias que mesmo presentes em baixas concentrações são capazes de atrasar ou inibir as taxas de oxidação". Os antioxidantes agem nas três linhas de defesa orgânica contra as EROs. A primeira linha, que é a de prevenção, se caracteriza pela proteção contra a formação das substâncias agressoras. A segunda linha é a interceptação, neste estágio os antioxidantes precisam interceptar os RLs, os quais, uma vez formados, iniciam suas atividades destrutivas. A última linha é o reparo, ela ocorre quando a prevenção e a interceptação não foram completamente efetivas e os produtos da destruição pelos RLs estão sendo continuamente formados em baixas quantidades, dessa forma podem se acumular no organismo.

Estudos epidemiológicos encontraram associação entre as ações de nutrientes e o risco para câncer cervical, com base na ingestão de vitaminas antioxidantes e no pool circulante desses nutrientes, que refletem padrões dietéticos. Estudos de revisão com carotenoides (betacaroteno encontrado na cenoura, folhas verde escuras, vegetais de cor amarela e laranja; e o licopeno encontrado no tomate, melancia, mamão e goiaba), vitamina C (encontrada nas frutas cítricas principalmente) e a vitamina E (tocoferóis encontrados nos óleos vegetais) demonstraram que esses podem ser agentes de proteção principalmente nos estágios iniciais da carcinogênese cervical, protegendo contra a persistência e a progressão subsequente de infecções por HPV, porém alguns achados em outros estudos foram imprecisos.

Estudo caso-controle obteve resultados que sugerem que concentrações séricas maiores de carotenoides e tocoferóis e o consumo de alimentos ricos em carotenoides podem reduzir pela metade o risco para lesões neoplásicas e câncer cervicais, após controle por outros fatores de risco. Estudos prospectivos têm avaliado os fatores nutricionais associados à eliminação do HPV. Em estudo com universitárias canadenses, observou-se que a ingestão diária de vegetais, quando comparada ao consumo semanal, estava positivamente associada à eliminação do HPV oncogênico (OR:2,5 (1,40-5,00),IC:95%).

A relação entre os fatores nutricionais e o desenvolvimento de neoplasia do colo do útero é complexa, em razão dos múltiplos fatores etiológicos e inúmeros fatores de riscos envolvidos na gênese e no desenvolvimento desse tumor. As vitaminas antioxidantes têm importante papel na prevenção do câncer do colo uterino. Evidências mostram que a vitamina A inibe a promoção tumoral através da capacidade dos carotenoides em inibir a oxidação de compostos pelos peróxidos, sendo também moduladores potentes da diferenciação celular, o que confere proteção para inibir o crescimento de células malignas no colo do útero e consequente desenvolvimento do HPV. Além disso, o ácido retinoico tem o poder de alterar a expressão genética especificamente em tecidos-alvo como o do colo uterino, conferindo a ação preventiva da progressão da NIC e desenvolvimento do câncer cervical. As vitaminas C e E garantem um efeito protetor, devido ao fato de serem antioxidantes e de terem funções essenciais como a de evitar a formação de carcinógenos a partir de compostos precursores, conferindo manutenção da integridade e regeneração da epiderme, além de aumentar a imunidade. Estudos sugerem que concentrações séricas maiores de carotenoides, vitamina C e tocoferóis e o consumo de alimentos ricos nesses nutrientes, principalmente em carotenoides podem reduzir pela metade o risco de lesões displásicas evoluírem para o câncer cervical. Sendo assim, estimular a alimentação saudável com incentivo ao consumo de verduras, legumes e frutas, deve ser considerada uma medida de prevenção e controle do câncer cervical; porém, apesar de tão promissores, os resultados provenientes da investigação nutricional com antioxidantes aplicada ao paciente oncológico ainda são reduzidos, se for levado em consideração a grande possibilidade de combinações entre esses nutrientes. Além disso, essa terapia é ainda muito pouco empregada no tratamento de pacientes oncológicos no Brasil. A alimentação equilibrada tem papel importante na prevenção do câncer do colo do útero, porém são necessários maiores estudos para propor recomendações nutricionais específicas para a prevenção desta patologia.

Fonte: INCA

Nenhum comentário:

Postar um comentário